Será que uma pessoa nos seus últimos momentos de vida,
deverá permanecer reservada na sua dor ou descansar a sua alma? Morte. Uma
palavra que desperta o medo nas pessoas, é considerada tão compreensível como
inevitável e ninguém ainda foi capaz de dar o testemunho do que ocorre depois
dela. Nasce por isso nas pessoas uma espontânea necessidade de se viver a vida tirando
dela o maior proveito e conforto. Mas quando chega o fim da vida esse conforto
parece desaparecer. A eutanásia nasce como uma possível solução.
Segundo as origens gregas significa “Boa Morte” ou “Morte
sem dor”. A sua prática resume-se ao doente terminar com a sua vida quando
alcança um limite de sofrimento físico ou psíquico. Em algumas culturas é
interpretada como um ato de homicídio.
Se tem como fim a realização da vontade da vítima será
correto designar-lhe de crime? A aceitação da eutanásia parte do princípio da
mentalidade humana e não do que é correto ou incorreto. Existem dois lados
nesta política: o lado do grande valor da vida vendo-a como um dom singular e
por isso é necessário protege-la ao máximo, e o lado do princípio da autonomia
e da escolha própria. O termo eutanásia é muitas vezes confundido pelo “morte
por compaixão” ou “morte prévia” quando na verdade o mais correto é “morte
voluntariamente provocada em resposta a um consciente e insistente pedido da
pessoa”.
Em situações de um estado acelerado de doença grave ou
terminal cuja cura ainda não tenha sido encontrada ou até mesmo quando os
recursos financeiros não são suficientes não é justo o doente prolongar a sua
vida só para encarnar a sua posição no mundo. Se o seu sofrimento atingir o
‘intolerável’ não faz qualquer sentido prolongar o que acabou há muito tempo. Não
pudemos chamar de Eutanásia o recurso a doses elevadas de medicação ou
analgésicos em que a intencionalidade não é causar dano mas sim a prática de um
alívio de sofrimento. Ou até mesmo a situações de coma, estados demenciais avançados
em que os doentes não têm capacidade de exprimir um desejo ou vontade.
Enumeras vezes um pedido de Eutanásia é um apelo que não
quer sofrer, que não quer ser um peso ou um fardo para os seus ou a não querer
estar sozinho no momento da morte. Se o doente insistir na questão e se no
momento da decisão estiver num estado considerado aceitável é dever do médico
ou de qualquer profissional de saúde proporcionar os cuidados médicos adequados
de forma a realizar o pedido do doente para possibilitar um seu último
conforto.
Em suma a Eutanásia é em
Portugal interpretada como um tema Tabu do qual as pessoas em geral não gostam
de falar defendendo expressões como “A esperança é a ultima a morrer” ou
“morrer é a ultima etapa da vida” tornando-a por isso ilegal no nosso país.
Enquanto não existirem cuidados às necessidades específicas das pessoas e
enquanto forem pouco acessíveis e poucos disponíveis à população em termos
económicos ou geográficos, Portugal não se encontra preparado para pronunciar
sobre esta matéria. Enquanto a Eutanásia não for vista como uma forma de ajudar
a morrer e como um ato de amor e de enorme coragem muitos serão os opositores.
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