Desencontros

     Num pequeno apartamento, em Nova Iorque, vivia Amélia e Xavier, um casal bastante famoso. Ele pela grande cultura geral que tinha e ela pela sua capacidade de fazer poesia.

     Xavier era um grande diplomata e Amélia uma total dona de casa. Passava os dias a escrever poesia, tentado mostrar ás pessoas os seus verdadeiros sonhos.

     Amélia também era conhecida por ter um grande talento no piano, os vizinhos ficavam sempre maravilhados quando Amélia quando Amélia começava a tocar, uns iam à janela e outros batiam à porta pedindo licença para ouvir melhor as suas melodias.

     Eram um casal muito conhecido por ser um exemplo a seguir. Raramente discutiam e aparentavam ser a alma gémea um do outro, quase como grandes e verdadeiros amigos.

     Mas à umas semanas atrás Amélia tinha notado uma grande diferença em Xavier, sentia-o distante.

     Todas as noites, depois do jantar, Xavier sentava-se num cadeirão vermelho numa sala amarela, a ler o seu jornal. Amélia, nas primeiras vezes, ficava apenas a olhar admirando a grande concentração de Xavier, a ler umas simples folhas de papel, tal como Amélia as chamava,  mas com o tempo foi percebendo que Xavier já não lhe dava a mesma atenção de antes.

     Desde esse dia. todas as noites, depois do jantar, enquanto Xavier lia o jornal, Amélia punha o seu melhor vestido, um vestido de seda fino e vermelho, punha também uma gota do seu melhor perfume e apanhava o cabelo. Sentava-se ao piano mas nunca tocava, apenas olhava as teclas do piano, pressionando, uma ou outra, de vez em quando, inclinando o seu ombro  para Xavier à espera de uma reacção do mesmo.

     Amélia, cansada de tanto desencontro entre os dois, decidiu ir atrás dos seus sonhos e saiu de casa, deixando tudo para trás menos as suas melodias.