segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Texto Auto-biográfico

Sinto-me dividida, como se o meu coração fosse dividido em dois, com um rasgo profundo, com uma cicatriz profunda, no fundo sinto que sou como uma folha de papel que se fosse rasgada ao meio de nada serviria…tudo isto por amor a duas cidades que tanto amo, Porto e Lisboa, na primeira nasci, e na segunda porque lá vivo e aprendi a amar
Nasci em 27 de Outubro de 1998, na cidade do Porto, na freguesia de Cedofeita, mais propriamente na Ordem do Carmo (digamos que é quase no coração do Porto), pois há quem diga que o coração da cidade é nos Aliados. Vivi durante oito anos em Vila do Conde, uma das vilas mais lindas de Portugal, e que está localizada entre o Porto e a Póvoa de Varzim, junto ao mar.
Aos oito anos de idade vim morar para Lisboa, porque o meu pai recebeu um convite de trabalho irrecusável. Eu achei que o mundo ia desabar na minha cabeça, pois nós amávamos viver em Vila do Conde, e vir para Lisboa significava deixar os meus amigos, e ficar longe da minha família paterna. A minha mãe achou que para nós (eu e a minha irmã) seria perfeito, por causa da pronúncia do norte. A minha irmã que é mais nova que eu, já tinha “apanhado” um pouco da pronúncia, e a minha mãe que viveu durante muitos anos em Lisboa e que só foi para o Norte porque se casou com o meu pai, adora ouvir a pronúncia, mas nunca achou piada ao facto das suas filhas falarem com “sotaque do Porto”. Nós já tínhamos adquirido alguns vocábulos típicos do Porto, do género “anda para a minha beira”, “empresta-me a aguça”, e claro às vezes trocar o “v” por um “b”, como por exemplo em vez de “vóvó” dizíamos “bóbó”…
Hoje, sempre que vou ao Porto adoro ouvir as pessoas a falar com o seu sotaque nortenho, tal como adoro sentir o cheiro das ruas, do rio Douro, adoro revisitar os locais por onde passeávamos, a ribeira do Porto, a Foz, as ruas cheias de comércio, etc…Felizmente, visitamos imenso o Porto, porque temos lá muitos amigos e família e por isso parte do meu coração está naquela cidade.
A adaptação a Lisboa foi muito difícil, a família toda adaptou-se bem, penso que a única a sofrer com a mudança tenha sido mesmo eu, mas como tenho uns pais fantásticos fizeram de tudo para eu me adaptar e ensinaram-me a amar a luz da cidade de Lisboa. Já estamos a viver em Lisboa à cerca de 7 anos, e hoje sinto que adoro cá viver, e que posso ter o melhor dos “dois mundos”, isto é Lisboa e Porto.
Ao fim de semana os meus pais adoram ir tomar o pequeno-almoço a Lisboa, e por isso adoro o Chiado, o Bairro Alto, Alfama, Mouraria, tal como adoro ir a Cascais. Vivemos intensamente as cidades onde vivemos, digo isto porque num minuto estamos a ver televisão em família como de repente nos lembramos de ir ver uma peça de teatro, ou uma comédia e lá vamos nós palmilhar as ruelas de Lisboa, para irmos ao Teatro da Trindade ou ao Politeama, ou pura e simplesmente ouvir uma banda de rua tocar enquanto nos deliciamos com um gelado.
Hoje, com quinze anos sinto que tenho uma vida feliz porque a minha família é fantástica fazendo os possíveis por nos ajudar (a mim e à minha irmã) a superar as dificuldades, e a olhar o mundo com curiosidade, sem medos, e às vezes a aceitar as coisas e as pessoas como elas são.
De facto o episódio mais marcante da minha vida foi a mudança do Porto para Lisboa, e hoje seria difícil escolher uma das duas cidades, pois amo ambas, a explicação para esta dualidade pode estar no facto do meu pai ser do Porto e a minha mãe de Lisboa. Ele costuma dizer que é da “Invicta” e que nunca foi conquistado, mas lá no fundo nós sabemos ele foi mesmo conquistado por uma moura que é a minha mãe.







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