Recordações
Autobiográficas
O passado. O irreversível. Um conjunto de pedaços, momentos
que constitui a nossa história. E pouco a pouco, momento a momento, fase a fase
da nossa vida, vai-se construindo uma personalidade. Várias coisas banais
acontecem na nossa vida. Um lugar que tenhamos visitado muito ou uma música. E
nenhuma destas precisa de ser especial ou ter significado para nós. Simplesmente
são acontecimentos normais que marcam uma fase da nossa vida.
A música mexe com as nossas memórias.
Por vezes, ao estar a
ouvir música no meu telemóvel ou computador, escolho uma música de há três
anos, e dou por mim a lembrar-me de tudo o que fiz, com quem estive, onde
estive e como me sentia. É como se tivesse um flashback. Como se viajasse no tempo. Subitamente é como se
estivesse outra vez no sétimo ano a rir da pronúncia do professor de História
enquanto eu e o Stewie comíamos
bolachas disfarçadamente para não dar a ninguém. Por outras vezes, estávamos
eu, o Chico, o Gu e o Stewie na Ponta do Ouro a fazer um documentário em vídeo,
às quatro da manhã, a dar festas aos bambis
do resort ao pé da piscina. Por vezes sabe bem recordar o
passado. Traz uma certa nostalgia, porém é sempre agradável saber que o que foi
feito, está feito e seja este bom ou mau, isto traz sempre uma sensação de
dever cumprido.
Um odor, por sua vez traz ainda uma sensação mais
pormenorizada. É como se sentíssemos a atmosfera do momento que estamos a
recordar. É preciso que o cheiro seja de facto marcante, ou que pelo menos a
memória o seja. É muito mais forte que qualquer outra sensação, pois mostra de
facto uma proximidade muito grande entre a pessoa e a memória Dá uma sensação
de completa revivência do passado. Como se voltássemos a dar os passos que já
sabíamos que iam ser dados. O cheiro de um sitio. O cheiro do perfume de alguém
que gostamos. São memórias que deixam uma marca enorme na nossa vida.
E quando dei por mim, tinha escurecido lá fora e eu tinha
mergulhado na minha mente nas mais complexas memórias. Retirei os auscultadores
e deitei-me na cama, esperando pelo amanhã para criar novas memórias.
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