O Senhor Valéry é um livro atual de
Gonçalo M. Tavares, faz parte de uma colecção de livros apelidada “O Bairro”. Este
livro não contém um enredo. Cada capítulo possui uma mensagem própria e a única
coligação com os outros capítulos é a personagem central, o Senhor Valéry. Deste
modo, cada capítulo tem uma mensagem e não possui momentos muito mais
importantes e ficamos a conhecer os diferentes e invulgares pensamentos deste
homem, que ele mesmo é invulgar.
Por exemplo,
no primeiro capítulo: “Os Amigos”, o Senhor Valéry fala de como a altura é
muito importante para ele, visto sendo um homem pequeno tem imensos obstáculos
para ultrapassar. Em “O Animal Doméstico”, demonstra não ser muito afetuoso. Ao
longo de muitos capítulos como “Os Dois Lados”, “Sapatos”, “Cubo” e outros,
vemos que ele se trata de um perfecionista e via o mundo como algo que deveria
ser totalmente isento de qualquer erro. Levando às vezes a ações e
comportamentos estranho como sair à rua com um par de sapatos diferente para
cada rua. Também demonstra ser simples em alguns capítulos onde fala de como alguns
objetos do nosso dia-a-dia são facultativos e podemos bem viver sem eles. Como,
por exemplo, quando fala que não possui um espelho pois o mero olhar das
pessoas era suficiente para se aperceber da sua aparência. Noutros capítulos é
difícil perceber o seu significado. Como no capítulo “Uma Viagem a Pé”, onde
diz que o sítio onde chega a dez horas a pé de não é o mesmo a que chega em vinte
minutos de comboio. Assim é nem sempre temos a certeza do ponto onde ele quer
chegar, mas conseguimos ter uma ideia. Certos capítulos têm a sua parte cómica,
como em “O Chapéu”, em como o Senhor Valéry nem sempre conseguia tirar o chapéu
para cumprimentar alguém (Isto, pois ele estava tão enterrado na sua cabeça
para ele não se esquecer dele, que não o conseguia remover. O que podemos
imaginar e rir). No entanto, no último capítulo “A Tristeza”, onde fala de como
um triângulo retângulo necessita de outro igual a si mesmo para formar um
quadrado e não de um quadrado, vemos um lado mais sereno e pensativo em vez de
cómico. Na minha opinião, este capítulo refere-se a como não necessitamos de
algo que queremos para o possuir, mas sim de descobrir qual os caminhos e as
opções que temos de tomar para lá chegar e o possuir.
A conclusão a
que cheguei é o Senhor Valéry não é uma pessoa vulgar e nem sempre é fácil
acompanhá-lo nos seus pensamentos. Tudo isto é compreensível, visto que o seu
autor é um professor de Epistemologia, isto é, uma teoria do conhecimento que
procura dar lógica, valor e objetivo a diversas hipóteses. Vi neste livro uma
maneira de perceber outros modos de pensamento invulgares dos quais nunca me
tinham ocorrido. Penso que se trata de um livro muito educativo e com várias
mensagens que merecem ser lidas e compreendidas.
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