segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O Senhor Valéry

O Senhor Valéry é um livro atual de Gonçalo M. Tavares, faz parte de uma colecção de livros apelidada “O Bairro”. Este livro não contém um enredo. Cada capítulo possui uma mensagem própria e a única coligação com os outros capítulos é a personagem central, o Senhor Valéry. Deste modo, cada capítulo tem uma mensagem e não possui momentos muito mais importantes e ficamos a conhecer os diferentes e invulgares pensamentos deste homem, que ele mesmo é invulgar.
Por exemplo, no primeiro capítulo: “Os Amigos”, o Senhor Valéry fala de como a altura é muito importante para ele, visto sendo um homem pequeno tem imensos obstáculos para ultrapassar. Em “O Animal Doméstico”, demonstra não ser muito afetuoso. Ao longo de muitos capítulos como “Os Dois Lados”, “Sapatos”, “Cubo” e outros, vemos que ele se trata de um perfecionista e via o mundo como algo que deveria ser totalmente isento de qualquer erro. Levando às vezes a ações e comportamentos estranho como sair à rua com um par de sapatos diferente para cada rua. Também demonstra ser simples em alguns capítulos onde fala de como alguns objetos do nosso dia-a-dia são facultativos e podemos bem viver sem eles. Como, por exemplo, quando fala que não possui um espelho pois o mero olhar das pessoas era suficiente para se aperceber da sua aparência. Noutros capítulos é difícil perceber o seu significado. Como no capítulo “Uma Viagem a Pé”, onde diz que o sítio onde chega a dez horas a pé de não é o mesmo a que chega em vinte minutos de comboio. Assim é nem sempre temos a certeza do ponto onde ele quer chegar, mas conseguimos ter uma ideia. Certos capítulos têm a sua parte cómica, como em “O Chapéu”, em como o Senhor Valéry nem sempre conseguia tirar o chapéu para cumprimentar alguém (Isto, pois ele estava tão enterrado na sua cabeça para ele não se esquecer dele, que não o conseguia remover. O que podemos imaginar e rir). No entanto, no último capítulo “A Tristeza”, onde fala de como um triângulo retângulo necessita de outro igual a si mesmo para formar um quadrado e não de um quadrado, vemos um lado mais sereno e pensativo em vez de cómico. Na minha opinião, este capítulo refere-se a como não necessitamos de algo que queremos para o possuir, mas sim de descobrir qual os caminhos e as opções que temos de tomar para lá chegar e o possuir.

A conclusão a que cheguei é o Senhor Valéry não é uma pessoa vulgar e nem sempre é fácil acompanhá-lo nos seus pensamentos. Tudo isto é compreensível, visto que o seu autor é um professor de Epistemologia, isto é, uma teoria do conhecimento que procura dar lógica, valor e objetivo a diversas hipóteses. Vi neste livro uma maneira de perceber outros modos de pensamento invulgares dos quais nunca me tinham ocorrido. Penso que se trata de um livro muito educativo e com várias mensagens que merecem ser lidas e compreendidas.

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