quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Passado e Futuro?

É sempre difícil para qualquer um escrever uma autobiografia, pois para isso é necessário fazer uma retrospetiva intensa a tudo por que passámos. Então para nós, com tão pouco tempo de experiência de vida é um trabalho árduo pensar num objetivo de vida, algo que ansiamos alcançar um dia. O problema é que quinze anos não são suficientes para determinar o resto de uma vida esperançosa. Temos imensos sonhos, no entanto somos obrigados a escolher desse emaranhado de desejos aquilo que julgamos melhor. A pior parte é a possibilidade de se poder viver o resto dos nossos dias a julgar que a nossa escolha pode não ter sido a mais acertada, de viver pensando no que “poderia ter sido”, se tudo fosse diferente.
                O caminho que me levou até aqui não é o mais interessante que se pode ter, no entanto para mim foi perfeito, não mudaria nada. Estudei e andei sempre no Colégio da Bafureira, a dois quarteirões de minha casa, por isso ia a pé. Esta foi uma importante parte da minha vida, pois foi onde passei maior parte do meu tempo. Sei que não aproveitei a minha infância o máximo que pude, mas quem é que o fez? Diverti-me pois era amigo de todos e não me preocupava com nada, diziam que era amoroso e um bebé rechonchudo. Era extremamente brincalhão e jogava com tudo o que me aparecia à frente. Posso não ter saído para brincar na casa dos outros todas as semanas, mas os meus amigos eram verdadeiros. Gostavas todos uns dos outros e eramos todos melhores amigos. O problema era eu fechar-me em casa a ver televisão e não pensava em jogar futebol como os outros rapazes, por isso sentia-me à parte algumas vezes.
                Chegado o quinto ano, e começado o segundo ciclo, a preocupação desapareceu, tinha novos amigos, sem qualquer ideia de quem eu era e da minha personalidade. Diverti-me como nunca antes. Deixei de ser tímido, mas a minha total felicidade não durou muito. Passado pouco tempo comecei a pensar que eu tinha problemas, que era diferente que não gostava de mim e isso só me fez sentir pior. No entanto, nem isto durou muito, a minha preocupação passou a ser só mesmo “amizade”. Esquecia-me de todos os males assim que começava a falar com os meus amigos.
                O terceiro ciclo foi a melhor altura da minha vida até agora, a minha turma era perfeita e descobri o que era sair sozinho para qualquer lado sem proteção, foi fantástico descobrir a minha nova “liberdade”. Saía todos os dias sozinho e às vezes acompanhado. Todos nos conhecíamos bem e adorávamo-nos. Este período está repleto de boas memórias e é extremamente nostálgico, foi aí que criei amizades inesquecíveis. As histórias que tenho para contar são infinitas e guardo-as no meu coração.
                Agora estou finalmente numa escola diferente, um sentimento que nunca tive, apesar de não sentir um choque de descontinuidade do ensino básico para o secundário, sinto falta de imensos amigos que deixei para trás. Cada um deles deixou uma marca em mim e essa marca nunca desaparecerá. Foram em busca do seu sonho e é o que tenho de fazer.
                Sempre pensei que quando a altura chegasse eu saberia o que iria ser, a verdade é que não sei ainda o meu futuro. Julgo sempre todas as oportunidades mas, quando escolho algo, aparece sempre uma melhor escolha, que me soa melhor. Duvido algum dia ter uma resposta, para mim é tudo um grande “ponto de interrogação”, uma questão não respondida que pode derivar para todas as possibilidades existentes. Acredito que, mesmo quando já tiver acabado os estudos ficarei na incerteza.

Mas esse pesadelo não me assombra mais, sei que vou amar a minha vida com qualquer caminho que escolha, pois “o importante não é a jornada, mas sim os caminhantes que a suportam”, independentemente daquilo que lhes é posto à frente. Com isto refiro-me aos meus amigos e à minha família. A minha educação religiosa leva-me a acreditar que não há nada mais importante do que isso. E isso nota-se pela maneira de como vejo a vida de maneira simples. Deixo esta autobiografia inacabada, assim como todas devem ser, pois nunca sabemos o que nos será atirado à frente e a maneira de como lidaremos com isso.Apenas sabemos que não nos podemos esquecer do Passado e o Futuro é incerto…

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