É sempre difícil para qualquer um
escrever uma autobiografia, pois para isso é necessário fazer uma retrospetiva
intensa a tudo por que passámos. Então para nós, com tão pouco tempo de
experiência de vida é um trabalho árduo pensar num objetivo de vida, algo que
ansiamos alcançar um dia. O problema é que quinze anos não são suficientes para
determinar o resto de uma vida esperançosa. Temos imensos sonhos, no entanto
somos obrigados a escolher desse emaranhado de desejos aquilo que julgamos
melhor. A pior parte é a possibilidade de se poder viver o resto dos nossos
dias a julgar que a nossa escolha pode não ter sido a mais acertada, de viver
pensando no que “poderia ter sido”, se tudo fosse diferente.
O
caminho que me levou até aqui não é o mais interessante que se pode ter, no
entanto para mim foi perfeito, não mudaria nada. Estudei e andei sempre no
Colégio da Bafureira, a dois quarteirões de minha casa, por isso ia a pé. Esta
foi uma importante parte da minha vida, pois foi onde passei maior parte do meu
tempo. Sei que não aproveitei a minha infância o máximo que pude, mas quem é
que o fez? Diverti-me pois era amigo de todos e não me preocupava com nada,
diziam que era amoroso e um bebé rechonchudo. Era extremamente brincalhão e
jogava com tudo o que me aparecia à frente. Posso não ter saído para brincar na
casa dos outros todas as semanas, mas os meus amigos eram verdadeiros. Gostavas
todos uns dos outros e eramos todos melhores amigos. O problema era eu
fechar-me em casa a ver televisão e não pensava em jogar futebol como os outros
rapazes, por isso sentia-me à parte algumas vezes.
Chegado
o quinto ano, e começado o segundo ciclo, a preocupação desapareceu, tinha
novos amigos, sem qualquer ideia de quem eu era e da minha personalidade. Diverti-me
como nunca antes. Deixei de ser tímido, mas a minha total felicidade não durou
muito. Passado pouco tempo comecei a pensar que eu tinha problemas, que era
diferente que não gostava de mim e isso só me fez sentir pior. No entanto, nem
isto durou muito, a minha preocupação passou a ser só mesmo “amizade”.
Esquecia-me de todos os males assim que começava a falar com os meus amigos.
O
terceiro ciclo foi a melhor altura da minha vida até agora, a minha turma era
perfeita e descobri o que era sair sozinho para qualquer lado sem proteção, foi
fantástico descobrir a minha nova “liberdade”. Saía todos os dias sozinho e às
vezes acompanhado. Todos nos conhecíamos bem e adorávamo-nos. Este período está
repleto de boas memórias e é extremamente nostálgico, foi aí que criei amizades
inesquecíveis. As histórias que tenho para contar são infinitas e guardo-as no
meu coração.
Agora
estou finalmente numa escola diferente, um sentimento que nunca tive, apesar de
não sentir um choque de descontinuidade do ensino básico para o secundário,
sinto falta de imensos amigos que deixei para trás. Cada um deles deixou uma
marca em mim e essa marca nunca desaparecerá. Foram em busca do seu sonho e é o
que tenho de fazer.
Sempre
pensei que quando a altura chegasse eu saberia o que iria ser, a verdade é que
não sei ainda o meu futuro. Julgo sempre todas as oportunidades mas, quando
escolho algo, aparece sempre uma melhor escolha, que me soa melhor. Duvido
algum dia ter uma resposta, para mim é tudo um grande “ponto de interrogação”,
uma questão não respondida que pode derivar para todas as possibilidades
existentes. Acredito que, mesmo quando já tiver acabado os estudos ficarei na incerteza.
Mas esse
pesadelo não me assombra mais, sei que vou amar a minha vida com qualquer
caminho que escolha, pois “o importante não é a jornada, mas sim os caminhantes
que a suportam”, independentemente daquilo que lhes é posto à frente. Com isto
refiro-me aos meus amigos e à minha família. A minha educação religiosa leva-me
a acreditar que não há nada mais importante do que isso. E isso nota-se pela
maneira de como vejo a vida de maneira simples. Deixo esta autobiografia inacabada,
assim como todas devem ser, pois nunca sabemos o que nos será atirado à frente
e a maneira de como lidaremos com isso.Apenas sabemos que não nos podemos esquecer do Passado e o Futuro é incerto…
Sem comentários:
Enviar um comentário