Muito
se fala de uma “geração destruída”, um grupo de jovens sem quaisquer valores e
com um imenso desrespeito por toda a educação que lhes é ministrada. Também se
fala de uma juventude que desgraça os pais, que só causa problemas e que nem se
preocupa com o seu próprio bem-estar. A Internet destrói o cérebro, a Televisão
enche a cabeça de mentiras, num ciclo vicioso de destruição da própria pessoa.
Isto são palavras de quem vê por fora, de quem fica ao lado e, mais importante,
de quem se esqueceu do seu passado. De quem não vê as ligações, de quem não
repara que a história altera-se, e no entanto repete-se. Pessoas que se
esquecem de que uma vez foram também elas criticadas pelos seus parentes mais
velhos, considerando-os “juventude sem futuro”.
Afirma-se
que os jovens não dão importância às opiniões e às experiências de vida dos
adultos. Na realidade os jovens querem desenvolver os seus próprios ideais e
viver as suas próprias experiências. É próprio da juventude errar, tropeçar e
cair. Pois os jovens querem viver as experiências, não só ouvi-las. Esta busca constante
pela diferença e por novos desafios, por parte das novas gerações, tem sido crucial
para o desenvolvimento da humanidade. Também isto é algo que nos distingue das
restantes espécies.
Os valores
de cidadania têm de ser vividos pelos mais novos, para além de serem
transmitidos e também vividos pelos mais velhos, que têm de ser o exemplo vivo
da educação. Não podem limitar-se a usar os valores passados, mas podem e devem
adaptá-los para encaixar na nova realidade, no mundo atual. Mas renovação continua a ser diferente de destruição, estas duas ideias não
combinam. Os valores que hoje os jovens possuem podem parecer diferentes mas
têm o mesmo fundamento dos valores anteriores, sendo por isso de certa maneira
iguais. Para comparar, o meu pai ouvia géneros de música diferentes dos que eu
ouço, mas ambos ouvimos música, a minha mãe falava de temas diferentes dos que
eu falo agora, mas ambos falamos sobre a atualidade. Não serão no fundo o
mesmo? Simplesmente uma repetição da história?
Também pode
parecer que não se mostra o mesmo respeito pelos mais idosos como se mostrava
antigamente (sendo esta outra situação de que por uns pagam todos não sendo, em
todo o caso, desculpável) mas a juventude actual é aberta ao mundo, respeitosa
e tolerante por aqueles que são diferentes. Esta é a geração mais tolerante, a
que mostra menos casos de racismo e homofobia e hoje a violência contra as mulheres
está muito mais divulgada e encontra uma fortíssima oposição. Os Direitos
Humanos são hoje não apenas uma declaração de intenções. Diversas ações são
tomadas para os DH serem respeitados pelo mundo fora em países e locais onde
antes os poderosos atormentavam os fracos e ninguém se lhes opunha.
Isto
não quer dizer que os jovens serão assim eternamente, que viverão sempre “no
momento” e que não tomem nenhumas responsabilidades. Com o passar do tempo, os
jovens tornar-se-ão adultos, ganharão a sua própria visão do mundo e do que é a
vida, mas até lá chegar terão de
explorar e ver o que há “lá fora”. O exemplo disto é visível nas gerações
anteriores, podemos ver como antigamente os nossos pais e avós não mostraram
certamente o comportamento que hoje demonstram. Eles também já foram criticados
pelos seus pais pelo seu comportamento, tornando isto num “círculo vicioso”,
pois também as gerações vindouras serão julgadas. A experiência vem com o tempo
e não será apenas isso de que esta geração necessita, tal como todas as anteriores?
Uma
juventude realizou uma revolução musical, outra o peace and love, outra ainda lutou por uma europa livre com os seus verões quentes. E a actual? Como será
lembrada no futuro?
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