quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Texto Argumentativo - Direito ou Dever à Expressão ?!


Começo por deixar claro que a posição que venho aqui defender não é, de todo, uma expressão de natureza política. Acredito que existam nesta cidade, país, planeta, doutos suficientes, a quem apoiar ou defender totalitarismos e anarquias se revelarão como agradáveis modos de passar o tempo... O meu propósito, porém, é falar como pessoa, não como senhora da verdade, acerca de algo que muitos aparentam (ou escolhem) ignorar: todos possuímos uma voz e, mais do que o poder, temos o dever de a usar.

Curiosamente (ou talvez nem tanto, uma vez que as artes por diversas vezes ao longo da Histórias se revelaram como catalisadores de introspeção e reflexão), o tópico para o corrente texto surgiu-me exatamente enquanto escutava uma música. A dada altura, a voz do artista afirma que ninguém nasceu para simplesmente «seguir», que devemos agarrar-nos e defender as nossas opiniões, os nosso princípios e sonhos. Não será isto a mais pura verdade? Ou fomos nós criados para ser escravos de outrem, seres sem personalidade e condenados à vontade alheia?

De nada serve enaltecer conceitos como a liberdade de expressão e opinião, tão indiferentemente gozadas dia após dia, quando estes mesmos conceitos não são encarados seriamente nos momentos realmente cruciais. De nada nos serve a possibilidade de exprimir-mos os nossos ideais de maneira clara, através de palavras e frases coerentes, se escolhemos antes mantê-los guardados para nós mesmos.

Ainda que a rebeldia extrema ou isolação não sejam métodos que considere benéficos ou úteis à Sociedade em geral, tão pouco acredito que limitar-mo-nos a consentir tudo o que aqueles que escolhemos considerar mais sábios nos impõem seja resposta para qualquer decisão ou problemática.

Não ensina a Religião Cristã que Deus permitiu ao Homem a possibilidade de tomar as suas próprias decisões? Não provou a Evolução que entre uma célula inicial e a pessoa que somos hoje, se impõem milhões e milhões de anos, ao longo dos quais as nossas capacidades de raciocínio e comunicação foram desenvolvidos? Não afirmam certos filósofos que o que nos separa de todos os outros seres é o nosso livre arbítrio?

Muitos considerarão difícil demais; outros tantos, desnecessário: afinal, de tanta gente no mundo, porque haveríamos - logo nós - de nos esforçar por fazer ouvir a nossa voz, que pouco difere das outras...

Realmente, por vezes poderá parecer que de nada nos servirá opinar ou tentar inovar, uma vez que existirá sempre alguém mais coerente, alguém com uma ideia melhor que a nossa. Mas se todos os génios, revolucionários, artistas, líderes da História tivessem pensado de tal maneira, a Sociedade como a conhecemos não seria certamente igual.

Todos temos uma voz. Quer no sentido literal, quer em sentido figurados, esta palavra representa um direito e dever de nos fazermos ouvir. E porque nem sempre, por mais alto que soemos, alcançaremos exatamente os resultados pretendidos, temos também o dever de continuar a tentar, de nunca nos subjugar-mos a uma existência de docilidade e inércia.


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