A religião sempre fez parte da humanidade.
É inegável o quanto influencia um país, os seus costumes e a forma como os seus
crentes vivem. Remonta até ao início do aparecimento das primeiras civilizações
e continua a desempenhar até hoje, um papel fundamental na sociedade. Variam de
continente em continente, de país em país, mas todas têm o mesmo objetivo:
tornar o Homem num ser melhor, a transformação moral do individuo!
Centrar-me-ei na Igreja Católica, que prega
a religião na qual creio/acredito, o Catolicismo. Segundo a Igreja Católica
Deus é o criador de todas as coisas na Terra e mandou o seu filho Jesus Cristo,
que se sacrificou por “nós”, para nos transmitir a sua palavra de amor. Ao
longo do tempo, essa “palavra” tem sido mal interpretada ou mal transmitida
pelos os que são responsáveis de o fazer, os representantes da Igreja. Terá a
Igreja Católica sempre agido de acordo com o seu objetivo? Não! E muitas vezes
essa má interpretação/transmissão levou a gravíssimas consequências. São vários
os exemplos.
Ao longo da história pudemos assistir múltiplas
vezes à imposição dos ideais católicos sobre a civilização. Durante a Idade
Média, a Inquisição não passou de uma
perseguição por parte da Igreja que resultou em inúmeras mortes, obrigando as
pessoas a viverem numa era de constante medo. A maior parte das vítimas eram
acusadas injustamente, sendo julgadas e executadas das formas mais vis
possíveis, em plena praça pública (nos chamados autos de fé). É vergonhoso!
Bastava pensar de maneira diferente, ser de outra religião, ter uma orientação
sexual diferente daquela que era considerada “normal” ou simplesmente o vizinho
do lado apontar-nos o dedo e dizer que éramos praticantes de bruxaria, que
éramos logo, e desculpem a expressão, atirados para a fogueira para virar frango de churrasco. Pegando no sermão de St.
António aos peixes “... qual será, ou
qual pode ser a causa esta corrupção? Ou é porque o sal não salga, e os
Pregadores não pregam a verdadeira doutrina... ou é porque o sal não salga, e
os Pregadores se pregam a si, e não a Cristo”.
Concentrava em si mesma a autoridade para
assuntos religiosos e da natureza, autoridade a qual todos se deviam submeter
sob ameaças de terríveis punições. A Igreja Católica era até ao Renascimento,
detentora de todo o conhecimento científico, impunha que era a instituição que
definia o que era a verdade sobre todos os assuntos. A ideia de que a Terra se
encontrava no centro do Universo e que todos os planetas giravam à sua volta
(Teoria Geocêntrica) ou a ideia de que a Terra era quadrada e que chegando às
suas extremidades, caímos para o fim do mundo, eram considerados dogmas. Galileu
Galilei é caso mais famoso de atrito entre um pensador e a Igreja Católica, que
ao defender a Teoria Heliocêntrica, o Papa obrigou-o a renegar as suas
afirmações.
Mas não é preciso “viajarmos” tão longe no
tempo para verificar tamanhos atos condenáveis. Atualmente, são muitos os casos
conhecidos de padres que abusam sexualmente de crianças ou que quebram com
frequência os seus votos de castidade. Não é a Igreja Católica, a qual
transmite a palavra de Deus, deveria dar o exemplo à sociedade? Agora numa
linguagem menos formal, não é desmotivante quando se vai uma missa ouvir um
fulano a impingir-nos determinadas formas de agir quando sabemos que ele pelas
costas faz exatamente o contrário?
Também sou contra opinião da Igreja sobre
questões ligadas à sexualidade, ao conceito de alma e ao valor de vida. João
3.16 “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna“. Se Deus nos
ama a todos de igual forma, porque é que, por exemplo, a Igreja é
contra a adoção por parte de homossexuais? Como é que a orientação sexual
é um fator determinante para facto de duas pessoas desejarem proporcionar
a uma criança um ambiente estável, com amor e carinho?
Estas ações não só são repreensíveis como
também afastam os seus fieis! Algumas das controvérsias já foram resolvidas, em
parte, solucionadas através do reconhecimento por parte da Igreja Católica de
que erros graves foram cometidos pelos seus membros. No Jubileu do ano 2000, o
Papa João Paulo II pediu perdão por tais erros.
O objetivo da verdadeira
religião é o de dar esperança. Tornar o homem num ser melhor, capaz de amar o
outro independentemente das diferenças que os fazem convergir, que entende que
estamos aqui de passagem e que a nossa felicidade real reside naquilo que fazemos
de bom agora para termos um futuro de amor, pois quem semeia o mal colherá o
mal e quem semeia o bem colherá o bem. Não será nisso que a Igreja
Católica se deveria focar?
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