domingo, 5 de outubro de 2014

Eutanásia, uma escolha

Será que uma pessoa nos seus últimos momentos de vida, deverá permanecer reservada na sua dor ou descansar a sua alma? Morte. Uma palavra que desperta o medo nas pessoas, é considerada tão compreensível como inevitável e ninguém ainda foi capaz de dar o testemunho do que ocorre depois dela. Nasce por isso nas pessoas uma espontânea necessidade de se viver a vida tirando dela o maior proveito e conforto. Mas quando chega o fim da vida esse conforto parece desaparecer. A eutanásia nasce como uma possível solução.
Segundo as origens gregas significa “Boa Morte” ou “Morte sem dor”. A sua prática resume-se ao doente terminar com a sua vida quando alcança um limite de sofrimento físico ou psíquico. Em algumas culturas é interpretada como um ato de homicídio.
Se tem como fim a realização da vontade da vítima será correto designar-lhe de crime? A aceitação da eutanásia parte do princípio da mentalidade humana e não do que é correto ou incorreto. Existem dois lados nesta política: o lado do grande valor da vida vendo-a como um dom singular e por isso é necessário protege-la ao máximo, e o lado do princípio da autonomia e da escolha própria. O termo eutanásia é muitas vezes confundido pelo “morte por compaixão” ou “morte prévia” quando na verdade o mais correto é “morte voluntariamente provocada em resposta a um consciente e insistente pedido da pessoa”.
Em situações de um estado acelerado de doença grave ou terminal cuja cura ainda não tenha sido encontrada ou até mesmo quando os recursos financeiros não são suficientes não é justo o doente prolongar a sua vida só para encarnar a sua posição no mundo. Se o seu sofrimento atingir o ‘intolerável’ não faz qualquer sentido prolongar o que acabou há muito tempo. Não pudemos chamar de Eutanásia o recurso a doses elevadas de medicação ou analgésicos em que a intencionalidade não é causar dano mas sim a prática de um alívio de sofrimento. Ou até mesmo a situações de coma, estados demenciais avançados em que os doentes não têm capacidade de exprimir um desejo ou vontade.
Enumeras vezes um pedido de Eutanásia é um apelo que não quer sofrer, que não quer ser um peso ou um fardo para os seus ou a não querer estar sozinho no momento da morte. Se o doente insistir na questão e se no momento da decisão estiver num estado considerado aceitável é dever do médico ou de qualquer profissional de saúde proporcionar os cuidados médicos adequados de forma a realizar o pedido do doente para possibilitar um seu último conforto.
Em suma a Eutanásia é em Portugal interpretada como um tema Tabu do qual as pessoas em geral não gostam de falar defendendo expressões como “A esperança é a ultima a morrer” ou “morrer é a ultima etapa da vida” tornando-a por isso ilegal no nosso país. Enquanto não existirem cuidados às necessidades específicas das pessoas e enquanto forem pouco acessíveis e poucos disponíveis à população em termos económicos ou geográficos, Portugal não se encontra preparado para pronunciar sobre esta matéria. Enquanto a Eutanásia não for vista como uma forma de ajudar a morrer e como um ato de amor e de enorme coragem muitos serão os opositores.

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